Eletricitários seguem rumo à greve por tempo indeterminado

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As primeiras assembleias realizadas a partir desta segunda-feira (23) para deliberar sobre as propostas da empresa para a PLR, do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2015/2016 e greve a partir desta quarta-feira, dia 25, estão confirmando o recado da categoria: indignação geral com as propostas e greve por tempo indeterminado! As assembleias prosseguem em todo o Estado.
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) apresentou na última sexta-feira (20) uma proposta ultrajante para a renovação do ACT dos eletricitiários. Com um discurso alarmante sobre crise (a gestão do PT está repetindo a fala da oposição?) a empresa está propondo jogar a conta nas costas dos trabalhadores.
Para piorar, ainda está aproveitando pata tentar cortar nossas conquistas! Primeiro, devemos considerar os fatos: a Cemig obteve R$ 2,2 bilhões de lucro até o terceiro trimestre deste ano, mantendo o mesmo nível registrado em 2014. Também devemos considerar que as tarifas de energia estão crescendo muito acima da inflação.
No entanto, com a desculpa da crise, a empresa propõe um grande arrocho na remuneração dos eletricitários.
Até mesmo o vale peru a empresa quer cortar. Isso é inadmissível.
Participação nos lucros Conforme estudo do Dieese, a proposta de PLR reduz o montante a ser distribuído para metade. Com isto, mesmo com o reajuste de 10,3% proposto pela Cemig para cláusulas econômicas, trabalhadores com salário de R$ 4.000 perderão, em média, 18% do total da sua remuneração no ano. Portanto, o presidente da Cemig, Mauro Borges, mentiu quando afirmou que iria “assegurar o poder de compra dos salários”.

Com relação à proposta de 10,3% de reajuste, ela é infimamente inferior ao acumulado pelo INPC (10,33%), mas o pior é que vem como barganha. Em troca de recompor a inflação, a Cemig quer que os trabalhadores concordem com:
1) Abrir mão da verba de 1,2% da PLR deste ano para pagar somente em 2016 (se é que não vai querer dar o cano ano que vem);
2) Abrir mão de ação já ganha na justiça sobre o calote na verba do PCR (1%) relativo a 2007 que deveria ter sido paga em 2008;
3) Reduzir o capital do seguro de vida em grupo em até 80% além de reduzir algumas coberturas.
Onde estão os compromissos de valorização profissional, primarização das atividades-fim, garantir saúde e segurança, manter empregos, proteger os mais necessitados, e promover o desenvolvimento do estado? Era só promessa eleitoral?
A inflação de 10,33% já foi uma enorme perda em nossa renda durante o ano, e agora a Cemig quer chantagear a categoria, exigindo que os trabalhadores abram mão de conquistas em troca deste reajuste.

ASSEMBLEIAS 23 E 24 DE NOVEMBRO:
1) Proposta de PLR
2) Proposta de renovação do ACT
3) Greve a partir de quarta-feira (25)
Manifestação
Em manifestação realizada na sede da Cemig, em Belo Horizonte, na quarta-feira passada (18), eletricitárias e eletricitários decidiram intensificar a mobilização e podem entrar em greve geral por tempo indeterminado a partir da próxima quarta-feira, 25 de novembro. O protesto da segunda “Quarta Vermelha” aconteceu depois de 15 dias de vigília de dirigentes do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro-MG) na empresa pela negociação da pauta de reivindicações. A categoria quer discussão de distribuição de renda, plano de cargos e remuneração, PLR, garantia de emprego e primarização, além de efetivação imediata de 1.500 eletricistas.
“A categoria entende que é um bom momento de negociar com o novo governo, e que a gene tem que forçar um bom acordo para termos tranquilidade nos anos seguintes”, disse Jefferson Silva, coordenador-geral do Sindieletro-MG, que acampou, com outros quatro dirigentes, em uma sala de reuniões da Cemig durante os 15 dias de vigília.
“A vigília foi um ato importante, porque as lutas que fazemos nem sempre são imediatas. Estamos enfrentando um grande grupo econômico e os eletricitários têm grandes chances de saírem vitoriosos. Vocês devem persistir sempre. Têm força e união para enfrentar os empreiteiros. Têm legitimidade para exigir uma outra Cemig. Fomos nós que denunciamos que a terceirização provoca uma morte a cada 45 dias, o caos na educação. Não dá para um governo defender o capital e os trabalhadores. Ele tem que fazer uma opção. Desejo uma campanha vitoriosa para eletricitárias e eletricitários de Minas Gerais”, afirmou Beatriz Cerqueira, presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG).
Beatriz Cerqueira falou também sobre a tragédia de Mariana e reiterou a luta dos movimentos sindical e sociais contra a terceirização. “Dos 13 trabalhadores desaparecidos em mariana 12 são trabalhadores terceirizados, mas estamos com dúvidas de que haja mais trabalhadores. A empresa não teve o pudor de avisar que a barragem estava rompendo. A Samarco faz de tudo para mostrar que está tudo bem.”
Eletrivitárias e eletricitários de Minas Gerais estão em campanha salarial. Da pauta de reivindicações constam cláusulas econômicas, como salário e PLR, mas este ano a principal bandeira da campanha é o fim das terceirizações. A exemplo dos petroleiros, que fizeram greve pela retomada dos investimentos públicos na Petrobras, os trabalhadores da Cemig querem o fortalecimento da estatal.
Terceirização e mortes
O Sindicato cobra da Cemig e do governo estadual não só a primarização dos trabalhadores de manutenção de rede, mas também do atendimento ao consumidor, com a reabertura das agências físicas. Isso vai melhorar a qualidade do serviço e diminuir drasticamente o número de mortos e feridos, garante o Sindieletro.
Os números apontam nessa direção. Entre 2001 e 2014, 87 profissionais morreram a serviço da Cemig. 83% deles eram terceirizados. A assessoria do Sindicato informa que o tempo de formação de um profissional de manutenção é de dois anos, quando se torna apto a lidar com a chamada linha viva – alta tensão. Os terceirizados, com dois ou três meses de casa, são enviados a campo.

Fonte: CUTMG

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