A mais recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprova que a mulher, apesar de ser maioria na população e no mercado de trabalho, continua ganhando menos e trabalhando mais.
Segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) que comara os dados relativos a 2004 e 2014 com 150 mil famílias, a dupla jornada feminina aumentou uma hora. Agora, elas trabalham cinco horas a mais do que eles.
A estatística também mostra que enquanto a jornada de trabalho masculina fora de casa caiu de 44 horas para 41 horas e 36 minutos por semana, a carga horária dedicada ao trabalho doméstico se manteve estável. Ou seja, o tempo livre do homem não foi revertido em maior dedicação ao lar.
Nesse mesmo período de 10 anos, a mulher manteve uma média de jornada de trabalho fora de casa de 35 horas e meia, mas ainda continua ganhando 24% a menos que os homens – e acumulando tarefas domésticas.
Para a economista Marilane Teixeira, a diferença persiste porque os homens não reconhecem que as responsabilidades devem ser compartilhadas de forma igualitária. “A cultura enraizada naturaliza papéis sociais para homens e mulheres”, comentou.
A dupla jornada é realidade da grande parte da população feminina no país.
“A mulher, na maioria dos lares, ainda é responsável pelas tarefas domésticas, pelos cuidados familiares e dos filhos. A CUT je as outras centrais sempre defendem o compartilhamento de responsabilidades familiares para que a mulher possa ter mais igualdade de oportunidade”, explicou a secretária Nacional da Mulher Trabalhadora, Junéia Batista.
Segundo a dirigente, a responsabilidade das mulheres pelas tarefas doméstica gera problemas maiores nas relações de trabalho. “A divisão sexual do trabalho acarreta em discriminação no mercado de trabalho, violência a qual as mulheres estão submetidas diariamente com salários menores, condições degradantes, sem falar que elas continuam sofrendo mais constantemente assédio moral e sexual”, assinalou a cutista
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a incorporação das mulheres ao mercado de trabalho vem ocorrendo de forma expressiva sem que tenha ocorrido uma nova pactuação em relação à responsabilidade pelo trabalho de reprodução social, que continua sendo assumido, exclusivamente ou principalmente, pelas mulheres.
Existe uma recomendação da OIT sobre a igualdade de oportunidades e de tratamento para trabalhadores e trabalhadoras com responsabilidades familiares – a Convenção 156 –, mas o Brasil está entre os poucos países da América Latina que ainda não ratificou esta recomendação internacional.
Fonte: Érica Aragão – CUT Nacional
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