Trabalhadores dos Correios estão em greve em 20 estados

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Na tarde da última quarta (20) a FENTECT (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares) recebeu da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), mais conhecida como Correios, um comunicado de suspensão das negociações da Campanha Salarial de 2017 deixando milhares de trabalhadores e trabalhadoras desamparadas. A justificativa da empresa foi motivada pela decisão da federação de deflagrar Greve.

20 estados e 28, dos 31 sindicatos da base da FENTECT, estão em greve desde o último dia 19. Muitas unidades pararam 100% e, no total, 80% dos trabalhadores cruzaram os braços na área operacional em protesto às retiradas que a ECT tem promovido nos direitos conquistados da categoria. Já a FINDECT (Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios) continua negociando os direitos dos trabalhadores.

“A proposta da empresa de suprimi muitas conquistas históricas. A ECT está negociando com uma Federação ilegal junto ao Ministério do Trabalho e, muitas vezes, aceitando as retiradas de direitos. Nós da FENTECT, que somos filiados a CUT, não aceitamos negociar direito”, explicou o Diretor da FENTECT, Mizael Cassimiro da Silva.

Segundo Mizael, a greve foi deflagrada porque a empresa estava arrastando as negociações e nenhum ponto de pauta de reivindicação da categoria foi discutido até o momento, “tamanho é a sede desta gestão em retirar direitos dos trabalhadores”, completou.

Segundo documento da FENTECT enviado para a base, o objetivo da empresa é prolongar a negociação até o dia 11 de novembro, data em que passa a valer a Reforma Trabalhista.

“O presidente da ETC, Guilherme Campos, parceiro fiel do presidente ilegítimo Michel Temer, quer fazer dos Correios a primeira empresa pública a funcionar com as novas leis”, explicou Mizael, se referindo também ao pacote de empresas estatais que estão a venda para o capital.

Agora, os Correios também estão no alvo das privatizações de empresas públicas e estatais, do governo federal. Mais uma ameaça aos empregos e à qualidade da ECT, que sempre esteve à frente na confiança da sociedade.

Com a mobilização, os trabalhadores e trabalhadoras dos Correios denunciam o fechamento de agências por todo o Brasil, o que dificulta a vida não somente da categoria, mas de muitas populações que precisam dos serviços dos Correios, postal e bancário; ameaças de demissão motivada; corte em investimentos, incluindo novos concursos públicos; a suspensão das férias dos trabalhadores; retirada de vigilantes das agências, interferências e o sucateamento no plano de saúde da categoria, entre outras retiradas que já estão sendo promovidas.

Além disso, há algum tempo a ECT tem apresentado constantes mudanças de reestruturação na empresa, com abertura ao mercado e parcerias externas.

O diretor da FENTECT também afirmou que se “continuarmos fora das negociações o acordo não servirá para os trabalhadores e as trabalhadoras da categoria. Isso é um afronta”, denunciou.

“Nós queremos voltar para mesa de negociação e ter nosso direito de greve preservado”, finalizou.

Greve no País

Quadro de greve até momento : Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Brasília, Campinas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Juiz de Fora, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Ribeirão Preto, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Maria, Santos, São José do Rio Preto, Sergipe, Santa Catarina, Uberaba, Vale do Paraíba. Faltam confirmar: Acre, Rondônia e Roraima.

Orientação para a base da FENTECT

A FENTECT soltou um manifesto para os sindicatos filiados e à todos os trabalhadores e as trabalhadoras do correios incentivando maior mobilização da categoria devida a ação intransigente da empresa em tirar a Federação que representa mais de 40% dos 117 mil trabalhadores que a empresa tem.

O Comando Nacional de Negociação e Mobilização da FENTECT informou também que a Greve já começou forte em todo país e que tal atitude do Correios – em excluir a Federação da negociação – torna evidente o desinteresse do Sr. Guilherme Campos em negociar, contradizendo informativos internos da ECT, deixando transparecer a intenção de arrastar as negociações até a data da vigência da Reforma Trabalhista.

A carta é encerrada com as palavras de ordem da FENTECT:

“Direitos se ampliam, não se retiram”.

“Meus direitos e emprego ficam, Guilherme Campos sai”.

“Não a privatização!Privatização é demissão!”

“Só a luta muda a vida”.

Pauta de negociação da categoria

Segundo Mizael, as pautas da categoria já estão enxutas. “Queremos 300 reais linear para todos os trabalhadores e a reposição da inflação e nem isso eles querem sentar pra negociar”, contou. O diretor da FENTECT disse que hoje a empresa paga 97% do Convênio de Saúde, mas nesta gestão querem inverter. “Eles querem inverter o negociado e subsidiar só 3% deste valor”.

Sindicato em ação

Nesta quarta-feira (20), uma nova assembleia foi realizada para avaliar as propostas Econômicas e de Benefícios da ECT. No entanto, a empresa, intransigente com a greve, cancelou a reunião do dia, deixando o Comando de Negociação à espera da representação dos Correios, na Unico, em Brasília.

Com isso, a mobilização fica ainda mais forte. Está claro o interesse da ECT em levar as negociações adiante, até a entrada em vigor da reforma trabalhista, no dia 11 de novembro. É preciso manter a mobilização.

Ato no Ministério das Comunicações

Nesta sexta-feira, dia 22 de setembro, haverá assembleia novamente, agora, na porta do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, às 10 horas, seguida de ato, passeata e distribuição da carta aberta do sindicato à população. Uma atividade para cobrar do ministro das comunicações uma negociação séria, que respeite as conquistas da categoria e também para esclarecer à sociedade os prejuízos que a política de desmonte que está sendo implementada nos Correios representa para o povo brasileiro.

Fonte: CUT

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