Resgate de uma história forjada na luta

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Com o golpe militar de 1964, o Brasil mergulhou num dos períodos mais sombrios de sua história, porém não encontrou uma sociedade apática. As forças populares que ganharam corpo nas décadas anteriores, aliadas à classe trabalhadora e estudantil, organizaram-se e lutaram contra o regime militar.

No Sindicato dos Metalúrgicos de BH e Contagem não foi diferente. Após o golpe e com o processo de intervenções e caça de direitos civis e sociais, rapidamente o Sindicato foi alvo e os ataques contra os direitos dos trabalhadores avançaram. O descontentamento foi evidente pelo país e trabalhadores, estudantes, artistas começaram a organizar movimentos de resistência ao regime.

É neste cenário que a classe operária mineira se mobilizou e em março de 1968, cerca de 1.200 trabalhadores compareceram ao ato que criou o Comitê Intersindical Antiarrocho em Minas Gerais. Era grande a insatisfação da sociedade e dos trabalhadores com a política de achatamento salarial e a caça aos direitos sociais. No dia 16 de abril de 1968, operários da siderúrgica Belgo-Mineira de Contagem, desafiando a lei antigreve, cruzaram os braços reivindicando reajuste salarial de 25%. Esta foi a primeira greve depois do golpe militar e surpreendeu a ditadura. Ela foi articulada pelo Sindicato que estava sob intervenção do Ministério do Trabalho.

A empresa fez uma contraproposta para um reajuste de 10%, que foi rejeitada em assembleia e no terceiro dia, a greve da Belgo ganhou adesão dos trabalhadores da Mannesmann, RCA, SBE e de outras indústrias da região, ampliando-se depois para a fábrica de João Molevade e Acesita no Vale do Aço. Também se espalhou para empresas menores e para outros setores, engrossando o movimento grevista.

A fim de tentar retomar o controle, o ministro do trabalho Jarbas Passarinho, tentou de várias formas conter o movimento. Ele apelou para que os líderes sindicais explicassem aos trabalhadores o perigo daquelas medidas e visitou a sede do Sindicato dos Metalúrgicos em Minas Gerais chegando a comparecer em uma assembleia geral e enfrentando os grevistas.

A persistência dos trabalhadores provocou uma violenta reação do governo. A polícia militar ocupou as ruas de Contagem reprimindo qualquer tentativa de assembleias e aglomerações operárias. Os patrões aproveitaram para convocar os trabalhadores nas suas próprias casas, sob a ameaça de demissão sumária e por justa causa. Mesmo nesta tensão os operários resistiram.

Frente à amplitude e organização do movimento e o risco de espalhar-se por outros centros industriais, o Ministro é obrigado a recuar atendendo parte das reivindicações salariais e concedendo assim um reajuste de 10%, fora da data pré-determinada. O presidente-militar Costa e Silva assinou um decreto e dez dias depois anunciou a extensão deste aumento para todos os trabalhadores do Brasil.

Link do vídeo com depoimentos de companheiros que participaram da greve de 1968

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