NOTA DA CUT/MG: CRIME DA VALE EM BRUMADINHO

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A Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG) se solidariza com as famílias de trabalhadoras, trabalhadores, os moradores atingidos por mais um crime social, ambiental e humano cometido pelas mineradoras em Minas Gerais, que como impõe o poder econômico, só visam o lucro a qualquer custo, em detrimento de vidas, num total descaso com a saúde, a segurança e da preservação das riquezas naturais, patrimônio do povo brasileiro. O tipo de barragem escolhida pela Vale S/A é a mais barata e perigosa, porque é apenas um aterro de terra que cede com o tempo.

O crime da Vale em Brumadinho, na última sexta-feira, 25 de janeiro, é o segundo em três anos e está prestes a se transformar na maior tragédia do Brasil em todos os tempos. Ele é consequência nefasta de dos projetos impostos pela política de privatização, nos anos 1990, a terceirização ilimitada e da reforma trabalhista, corte de direitos que será sentido pelas famílias das vítimas e atingidos em pouco tempo.

A Vale foi privatizada em maio de 1997 durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, cuja gestão foi marcada pela predominância de valores neoliberais. Vale tinha um papel estratégico na economia nacional. A empresa foi criada em 1942, durante o governo de Getúlio Vargas, com recursos do Tesouro Nacional. Durante 55 anos, foi uma empresa mista e o seu controle acionário pertencia ao governo federal. Batendo recordes atrás de recordes, a empresa se tornou uma das principais estatais do país. Em 1996, a Vale era uma estatal gigantesca, com reservas de metais de US$ 40 bilhões. Contudo, por apenas US$ 3,3 bilhões, um grupo de empresas assumiu o controle acionário da empresa. Depois disso, milhares de trabalhadoras e trabalhadores foram demitidos. Com os cortes e a terceirização, os acidentes de trabalho se multiplicaram. Cabe lembrar, que da sua criação até a privatização em 1997, não foram registrados na Vale acidentes de trabalho com a gravidade dos que ocorreram depois ou crimes ambientais, sociais e humanos.

As privatizações, prioridades nos anos 1990, podem ser retomadas com maior intensidade, segundo proposta do atual governo federal. No momento, ainda paira sobre todas e todos as consequências da reforma trabalhista, que limita ao valor de três a 50 vezes o salário para quem sofreu danos gravíssimos. Antes da mudança da lei, aprovada pelos golpistas, quem determinava o valor a ser pago era o Poder Judiciário.

A CUT/MG também repudia as declarações do presidente da empresa, que foi à televisão apenas lamentar as mortes e a destruição, como se tudo não passasse de um acidente ambiental. Não há como reparar as vidas perdidas, nem recuperar a devastação da natureza. Os responsáveis devem ser penalizados, condenados e presos por mais um atentado contra trabalhadoras, trabalhadores, familiares, moradores, agricultores. É necessário, sim, que a Justiça seja feita para as vítimas, as famílias e a comunidade de Brumadinho. O que inclui barrar qualquer tentativa de flexibilização na aplicação de multas, lutar para que a fiscalização seja intensifica e os órgãos ambientais sejam fortalecidos para agir com mais rigor fiscalização sobre saúde e segurança nas barragens e pela reestatização deste setor produtivo.

A CUT/MG, juntamente com toda a sua base e os movimentos sociais, se compromete a lutar por Justiça, pelos direitos da classe trabalhadora, das famílias, dos atingidos e da comunidade de Brumadinho. E a lutar também contra este modelo de exploração de minérios, que mata os mineiros, destrói e empobrece nosso Estado. Só em Minas Gerais, existem 698 barragens e o risco de novas tragédias é iminente. Por isso, a CUT/MG também está engajada na luta pela implantação imediata de uma CPI para investigar, apurar e fiscalizar a atuação das mineradoras em nosso Estado e em todo o Brasil.

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