Plenária da CUT/MG articula lutas contra a reforma da Previdência

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Dirigentes de sindicatos, federações e movimentos sociais debatem conjuntura e próximas mobilizações

Para construir e articular ações da Agenda de Lutas de 2018, que envolve as lutas contra a reforma da Previdência, a defesa democracia e do direito à candidatura do ex-presidente Lula e a criminalização dos movimentos sindical e sociais, a Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG) realizou, na tarde de terça-feira (30), em sua sede no Centro de Belo Horizonte, uma Plenária com Sindicatos, Federações e Movimentos Sociais. Os dois temas serão debatidos com a população em panfletagens, em plenárias das entidades, nas edições do Brasil de Fato, no programa Roda de Conversa, nos desfiles dos blocos de Carnaval e nas atividades do Dia Internacional da Mulher. A CUT e as principais centrais sindicais aprovaram, em reunião nesta quarta-feira (31), iniciar a Jornada Nacional de Luta. Sindicatos, militantes e todo o povo brasileiro estão convocados, imediatamente, para o Dia Nacional de Luta, com paralisações, greves, assembleias e atos públicos em 19 de fevereiro, data previsa para entrar em pauta, na Câmara do Deputados, a reforma da Previdência.

A primeira ação, com a união de todas as entidades, acontece na Assembleia Geral sobre sustentação financeira do Sindicato dos Metalúrgidos de BH e Contagem, às 18 horas desta quinta-feira (1°), na rua Camilo Flamarion, 55, Jardim Industrial, Contagem. Nos dias 17 e 18 de fevereiro, está programado o Seminário de Formação e Planejamento do dia 8 de Março. Nas atividades do Dia Internacional da Mulher, de 6 a 8 de março, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), também serão debatidos a violência, a participação das mulheres no movimento sindical e na política e a PEC 181, que pode tornar o aborto ilegal em qualquer caso. A programação terá como tema “Mulher em Luta por Democracia e Soberania”.

O técnico Frederico Melo, da Subseção do Departamento de Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) da CUT/MG, batizou sua análise de conjuntura de “No meio do caminho tinha uma eleição”. Ele avaliou que a coalizão golpista depende, fundamentalmente, da reforma da Previdência, para sinalizar força. E precisa também, com todas as estratégias possíveis dentro de um Estado de exceção, inviabilizar a candidatura de Lula. “Mais do que nunca, é preciso centrar forças nas lutas contra a reforma da Previdência e em defesa da democracia e do direito de Lula a ser candidato. Estamos num Estado de exceção, dentro do Estado de direito. No julgamento, passaram por cima das leis. Defender o Estado democrático de direito é defender Lula. A coalização golpista encontra dificuldades para construir uma plataforma capaz de ganhar as eleições e consolidar o projeto do golpe. Por isso, querem inviabilizar a candidatura do Lula”, analisou Frederico Melo.

Os golpistas, segundo o técnico do Dieese, fracassaram na política econômica, pois o PIB de 2017 foi de apenas 1% e, o de 2018, tem estimativa de 2%. “Eles aprofundaram a recessão e a arrecadação pública diminuiu. Isso levou a uma piora no déficit público e os investimentos não apareceram. O ligeiro alívio do PIB se deve ao aumento do consumo. As reformas trabalhista e da Previdência são essenciais na estratégia do golpe. Sendo que, a primeira, serve para reduzir os cursos da força de trabalho, dificultar a organização dos trabalhadores e fragilizar a representação sindical. E se aliariam ao ajuste fiscal e ao teto dos gastos públicos”, disse Frederico Melo.

“Mas enquanto a mídia e o governo comemoram o fim da recessão, a economia, na verdade, não cresce. Por isso, condiciona a reforma da Previdência à retomada da economia. Muitos analistas dizem que não há o que comemorar. A estabilidade está no fundo do poço. O PIB em 2%, em 2018, não garante que significará retomada do crescimento. A economia está amarrada e um sinal disso é o mercado de trabalho. Apenas as forças mais frágeis de ocupação aumentaram, com mais 5,6% de autônomos e 5,9% sem carteira assinada. Segundo dados do Caged, houve o fechamento de 21 mil postos de trabalho com carteira assinada. A reforma trabalhista veio reforçar o movimento de degradação do mercado de trabalho”, afirmou Frederico Melo.

“Frederico Melo foi muito feliz em sua análise de conjuntura, ao apontar as próximas estratégias para o enfrentamento. A reforma, mesmo que passe só na Câmara, representará um reforço para os golpistas. E temos um enfrentamento concreto do golpe, com a reforma. Temos que mostrar, divulgar, denunciar como vai mudar as vidas das pessoas. O Temer apostado na estratégia de marketing para convencer a população. Foi ao Sílvio Santos, ao Ratinho. Em 2017, fizemos uma grande campanha de mídia. Produzimos panfletos; edições especiais do Brasil de Fato e colocamos no ar um programa de rádio, Roda de Conversa. Fizemos um projeto importante de comunicação de massa e, com criatividade, podemos ampliá-lo ainda mais. Temos que combater o golpe com união, estratégia e muita luta”, disse Beatriz Cerqueira, presidenta da CUT/MG.

“Também precisamos entender que o golpe não é conjuntural, algo que na próxima semana se resolve. O golpe é estrutural. E tem uma estrutura instável. Se não nos organizarmos permanentemente, talvez não tenhamos tempo para reagir. Os golpistas estão se articulando de acordo com as forças que enfrentam. E, diante disso, precisamos adotar novas metodologias. Temos muita força e mostramos isso em Porto Alegre. Foi algo grandioso. Os partidos, os movimentos sociais, o movimento sindical, estávamos todos lá e as ruas respiraram esse processo. Mas sentimos o quanto a criminalização da luta está em ascensão no país. A casa do Levante Popular da Juventude foi atacada pela Brigada Militar, em Porto Alegre, e prenderam 16 militantes, sendo 14 mulheres. Temos que ficar alerta, pois a criminalização vai bater na nossa porta”, acrescentou a presidenta da CUT/MG.

Lucimar de Lourdes G. Martins, secretária de Mulheres da CUT/MG, comunicou que as atividades do Dia Internacional da Mulher terão como tema “Mulher em luta por Democracia e Soberania”. “Queremos expandir os debates. Debateremos a reforma e a candidatura do Lula, mas enfocaremos a violência contra a mulher. Além disso, vamos discutir o empoderamento, que, na realidade, não se expandiu, e a PEC 181 que criminaliza ainda mais aborto. A legalização do aborto não está sendo discutida como deveria. É uma questão de saúde pública. Teremos atividades entre os dias 6 de 8 de março, quando acontecerá um grande ato, na Assembleia Legislativa.”

Fonte: CUTMG

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