Dia Nacional de Mobilização lota a praça da Estação, em Belo Horizonte

postado em: Notícias | 0

Milhares de pessoas, numa manifestação histórica, lotaram a praça da Estação, na região Central de Belo Horizonte, nesta quinta-feira (31), no Dia Nacional de Mobilização, para participar do Canto da Democracia. O ato político-cultural, organizado pela Frente Brasil Popular Minas, reuniu a população da capital mineira, artistas, militantes e dirigentes sindicais, dos movimentos sociais e populares e lideranças políticas. O ato teve como pautas a defesa da democracia – golpe nunca mais; contra o ajuste fiscal – por outra política econômica; e em defesa dos direitos trabalhistas – contra a reforma da Previdência.

“Não permitiremos que o processo democrático do nosso país seja interrompido. Não aceitaremos nenhum direito a menos. Vamos tomar às ruas e o nosso grito ecoará nos quatro cantos do país: não vai ter golpe!”, defendem os movimentos populares, sindicatos, organizações políticas e militantes sociais que fazem parte das frentes.

A concentração começou por volta das 17 horas. Todos que foram à praça da Estação gritaram, entre outras frases, “Não vai ter golpe” e “Direita recua, o povo está na ruaa, e protestaram contra a tentativa de golpe em curso no país, com o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, e defenderam a democracia e os direitos sociais.

Os manifestantes também repudiaram a mídia golpista, representada pela Rede Globo, e assistiram a shows de mais de 30 artistas, entre eles Vander Lee, Gabriel Guedes, Celso Adolfo, Toninho Horta, Juarez Moreira, Titane, Chico Amaral, todos engajados na luta pela democracia e contra golpe.

O Dia Nacional de Mobilização, com manifestações em todos os Estados, sendo a maior de todas em Brasília, fechou uma semana de atividades, que vão continuar em abril.

Audiência pública

Durante audiência pública convocada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), quinta-feira (31), deputados e convidados compararam o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, em tramitação no Congresso, com o golpe militar ocorrido em 1964. A ditadura militar iniciada há 52 anos e suas consequências foi o tema escolhido para a reunião, que contou com a participação de militantes de esquerda que foram torturados pela repressão.

Os deputados estaduais abriram a reunião criticando e classificando como um “golpe civil” o pedido de impeachment. “Em 1964, o discurso era o mesmo, de que não era um golpe, era apenas arrumar o processo político da época, de crises”, afirmou o deputado Rogério Correia (PT). O deputado Cristiano Silveira (PT), presidente da comissão, lembrou o caráter autoritário de muitos dos que defendem o impeachment. “Aqueles que criticam a presidente o fazem, muitas vezes, porque ela lutou contra a ditadura”, disse.

Já o deputado Professor Neivaldo (PT) lembrou que muitos dos agentes e das justificativas do golpe militar se repetem hoje. Ele listou a Rede Globo, outros grandes meios de comunicação, o poder econômico nacional e internacional e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) como aliados do golpe. “O discurso usado em 1964, contra a corrupção, também é usado hoje”, lembrou. A deputada Marília Campos (PT) também acompanhou a reunião.

Um dos depoimentos marcantes da reunião foi o do ex-militante Sálvio Humberto Penna, que foi torturado durante a ditadura, assim como sua esposa, que havia acabado de ter um filho. “Meu filho foi preso aos cinco dias de nascido. Isso tem que ser denunciado mil vezes, porque há jovens que ainda defendem a volta do regime militar”, afirmou Penna. O procurador de Justiça Afonso Henrique de Miranda Teixeira, que também participou da reunião, confirmou a atualidade da discussão. “Recentemente, houve crianças de famílias sem terra presas nesse país”, disse o representante do Ministério Público.

Uma das principais cobranças dos participantes da audiência pública foi pela chamada justiça de transição, que construa uma memória dos abusos cometidos no passado, promova a reparação dos danos e reforme as instituições que ainda hoje cometam violências contra o exercício da cidadania, principalmente as forças de segurança. Foi o que defendeu o professor de Ciência Política Juarez Guimarães, da UFMG, que é ainda membro do Conselho Curador do Memorial Nacional da Anistia.

As principais críticas ao papel do Judiciário e da OAB na atual disputa política vieram de dois advogados presentes na reunião. Presidente do Sindicato dos Advogados de Minas Gerais, Vinícius Nonato afirmou que o juiz Sérgio Moro, que conduz a operação Lava Jato, adota instrumentos autoritários típicos do regime militar, tais como a condução coercitiva e confissões obtidas com prisões sem justificativa. Ele condenou sobretudo a escuta telefônica de 25 advogados, autorizada pelo juiz, e cobrou a ação da OAB para proteger as prerrogativas da categoria e o direito de ampla defesa.

Integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB mineira, Daniel Deslandes disse que o órgão é contrário ao posicionamento da OAB nacional, que entrou com um novo pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, com base em escutas telefônicas publicizadas pelo juiz Moro. “Como conversa de advogados com clientes pode fundamentar um processo de impeachment proposto pela OAB? Que mundo é esse?”, questionou Deslandes.

Uma ação contra a Globo foi defendida pelo procurador Afonso Henrique Teixeira: “Não adianta gritar nas ruas se não enfrentarmos esse câncer brasileiro. A Constituição proíbe que o sistema de comunicação seja controlado por oligopólios”, afirmou o integrante do Ministério Público.

Fonte: CUT/MG

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

dezesseis − 6 =